História Akuntsú

Data da Publicação: 25/06/2021


História

 

O desmatamento da área situada entre o alto rio Omerê e o rio Trincheira começou a intensificar-se no início da década de 70 com os projetos de colonização. Em 1972, com o incentivo do Governo, o Incra, por meio do Projeto Corumbiara, iniciou a distribuição e liberação de lotes, concretizando, desta forma, o PIN – Plano de Integração Nacional. Em 1976, o Incra foi notificado sobre vestígios da presença de indígenas na região. Regionais comunicaram a Funai sobre a presença de índios isolados nos arredores do rio Corumbiara. 

Nos relatórios da Funai da época, narra-se que um dos regionais chegou a atirar com espingarda, o que fez com que os indígenas corressem. Mesmo com informações recebidas sobre vestígios indígenas, o Incra liberou os lotes. 

Em abril de 1986, foi publicado no Diário Oficial uma Portaria de Interdição de cerca de 63.900 hectares incidentes em terras ocupadas pelas fazendas Yvypitã e Guarajús (fazenda limítrofe da Yvypitã). Mesmo assim, o desmatamento na região da fazenda Yvypitã se intensificou. Meses depois a Funai percorre, novamente, essa região e encontra apenas vestígios dos indígenas de um ano antes. Desta forma, com a falta recente de comprovação da presença dos indígenas no local, a área que englobava a fazenda Yvypitã foi desinterditada pelo Governo em dezembro de 1986 (Valadão 1986). Nessa época, pelos relatos dos Akuntsú, eles já haviam se refugiado às margens do Omerê. O contato da Funai com os Akuntsú ocorreu apenas em outubro de 1995, a apenas dez quilômetros da aldeia dos Kanoé do Omerê. 

Em tempos mais antigos, os Akuntsú viviam num território muito amplo entre o rio Trincheira e o Omerê, indo até as margens das cabeceiras do rio Tanaru, na região conhecida como Vale do Guaporé. Expulsos de suas terras, passaram a se esconder na região do rio Omerê quando, então, os sobreviventes encontraram pela primeira vez com os Kanoé e foram, anos depois, contatados pela Funai, onde vivem até hoje. 

 

Referência: ARAGON, Carolina Coelho; ALGAYER, Altair. A história contada pelos Akuntsú: ocupação territorial e perdas populacionais. Linguística Antropológica, p. 223.

Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/ling/article/view/29633/27616

 

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