História do meu povo Uru Eu Wau Wau

Data da Publicação: 09/04/2022


História do meu povo Urueuwauwau

Ao dia 17 de Janeiro de 2022

Aldeia linha 623 município de Governador Jorge e Teixeira T. I. Uru Eu Wau Wau

 Puré Uru Eu Wau Wau

 

Meu povo se chama Jupaú mais conhecido por Uru Eu WauWau, antes de tudo quero contar um pouco do surgimento do meu povo.

Esta uma historia que se conta ainda pelos sabedores da aldeia, anciã e cacique da comunidade. 

 Antes do surgimento do meu povo Jupaú viviam dois homens solitário sem nenhuma companheira para construir sua família, os dois sempre fazia suas comidas, fazendo chicha e tirando o mel para adoçar a chicha. Certo dia um teve a ideia de fazer uma mulher para servir como sua companheira para viver ao seu lado. Esse que teve a ideia fazer a mulher, hoje suponhamos que foi Deus para nós onde chamamos de Tupãnã ga. 

Na historia que se conta para nós da geração nova, esse Tupãnã ga foi na beira de um rio para pescar um peixe, onde ele pegava mandi peixe de couro, jogava por trás das costas dele na mata e o peixe ficava se mexendo até que barulho parava de se mexer. Alguns minutos depois ele ouvia a voz dizendo a ele : pai deixa eu canta seu piolho pai, e ele se assustou com aquela voz feminina que ele nunca escutou na vida, quando se virou para ver, ela sumia ele ficou procurando e nada. 

Na historia conta que ele tentou três vezes, segunda e ultima vez ele falou pra ele mesmo que não ia olha tão rápido para aquela voz que nunca ouvira antes. Deixou ela mexer na cabeça dele para tirar piolho até ela ficar de frente com ele, por sua própria conta. Pegou a moça levou para rede, ela ficou meses na rede e ele preparando a saída dela com monte de fartura, fazendo a chicha. Nisso chegou o grande o dia de ela sair da rede, neste dia chegou o irmão dele na aldeia dele. 

Ninguém sabe contar essa parte da historia o porquê o irmão não estava presente quando outro fez a mulher. Assim que o irmão, ou primo ninguém sabe o certo, se realmente ele era o irmão, esse que fez a mulher deu a chicha a ele tomar. Então ele sentiu o gosto da chicha diferente, mais saborosa mais doce ao mesmo tempo, dai o irmão ficou curioso em querer sabe como  ele fez a chicha bom tão gostoso. 

Aquele que fez a mulher respondeu dizendo: assim eu pesquei o peixe e fiz a mulher respondendo ao outro, trouxe a moça da maloca para outro ver.

Segundo a historia cita que ela estava toda produzida com colares no corpo todo, com vários colares de dentes da onça. 

Esse costume de manter a moça de resguardo na rede durante período da primeira menstruação da moça do povo Uru Eu Wau Wa vem do surgimento da mulher que Tupãnã ga fez. 

Depois de conhecer a moça que outro fez, seu irmão também queria fazer o mesmo que ele, outro respondeu: primeiro você pega o peixe e joga por trás da sua costa, não queira ver logo se não ela some, dizendo o outro dando instrução a ele. 

O irmão foi na beira de um rio pescou o mandi, jogou por trás dele e caiu em cima dele e o ferrão o furou, o ferrão deu febre nele não conseguiu voltar para a aldeia onde outro morava. 

Tupãnã ga  foi até o rio e seu irmão estava lá passando mal com a dor. Então, soprou seu irmão e ele sarou da dor. Após disso tentou de novo e ele conseguiu pescar a traíra jogou por trás dele, o peixe se mexeu na mata até chegar a ele e perguntar a mesma coisa que a outra fez. Então ficou quietinho como Tupãnã ga  havia instruído ele para não ter pressa de querer vê-la, e ela foi olhando seus cabelos até ficar de frente com ele, nisso ele levou ela para rede também. 

Em seguida ele pediu outra instrução de como matar onça, na historia que os mais velhos conta que as onças gostava de cuidar pé de tucumã,  não se sabe até hoje porque a onça vigiavam pé de tucumã. Tupãnã ga tinha habilidade de tirar cacho de tucumã no pé fazendo jirau, assim as onças não pegava ele, e ele conseguia matar para tirar os dentes delas para fazer colares  para colocar na moça. 

Segundo os sabedores contam que eram bastante onças fazendo segurança no de tucumã.

Então temos esse costume de matar onça para tirar os dentes para colocar na menina moça que sai da rede. Antigamente meu povo fazia muito isso, hoje em dia não tem isso mais de matar onça, as onças também não fica no pé de tucumã, não matamos mais devido que estraga a pele e carne não se aproveita, onça hoje em dia são difícil de ver também. Esses animais são ameaçados de extinção pela grande fazenda cercado o território indígena em varias partes de regiões no estado brasileiro, quando elas saem pra caça para se alimentar vai à fazenda do fazendeiro do local, onde caça os bezerros daquela propriedade de fazendas e nisso os capangas acaba que matando esse animal que só queria refeição naquele momento da fome. 

Voltando a historia do meu povo Uru Eu Wau Wau, o segundo que conseguiu pescar a traíra e fez a mulher depois de colocar ela na rede, e ele foi à mata para tirar o tucumã, fez o jirau, o tucumã era e ainda é tirado para fazer colar. Assim que ele arrancou o cacho de tucumã do pé, as onças apareceram para derrubar ele do jirau, tentou matar a onça igual Tupãnã ga fez, se seguro no jirau mesmo assim as onças conseguiu derrubar ele no chão e foi devorado pelas onças. 

Tupãnã ga  ficou preocupado com a demora do irmão não voltou para casa. No seguinte ele foi atrás dele, chegando ao pé de tucumã viu os ossos do parceiro dele lá no chão agonizando, segundo os mais velhos contam o irmão que conseguiu fazer a mulher primeiro ajuntou os ossos dele para tentar salvar, ou seja, ressuscitar o irmão que foi devorado pelas onças. 

Cansado de soprar para tentar ressuscitar o irmão, ele jogou os ossos do irmão para mata dentro e todos os ossos virou animais. Segundo a história contada pelos sabedores, que todos os ossos do membro do irmão viraram cutia, cateto, jacu, veado, mutum e entre outros animais de pequeno porte que tem mata. Esses animais de pequeno porte os adolescente não devem comer como, por exemplo; cutia, cateto, veado, veado roxo, segundo mito nosso dar preguiça nos jovem por isso é proibido em nossa cultura. 

E então Tupãnã ga  voltou da mata e tirou a mulher da rede. Esta que estava na rede que seu irmão pescou a traíra, se casou com ela para ser sua mulher, a outra que ele fez de mandi,  ficou como sua irmã. 

Desde dai foi o surgimento de dois clãs, Arara e Mutum, em nossa etnia do povo Jupaú  Uru Eu Wau Wau

A mulher que Tupãnã ga se casou seria clã Arara do irmão que foi devorado pela onça. A mulher que ele próprio fez,  e ele são os clã Mutum, por isso ele não se casou com ela. Nisso surgiu a família dele, teve filhos com a moça, e os mais velhos conta que dai foi o surgimento do nosso povo Jupaú, antes de Uru Eu Wau Wau é Jupaú pelo grande líder da ancestralidade do nosso povo. 

Nisso fomos espalhando para varias regiões do estado brasileiro, construindo famílias as aldeias, minha vó contava para mim que os avos dela já conheceram os rios grandes, tipo praia, em nossa língua materna mar paranuhuã. 

A historia dos meus avos e meu povo foi contada pela minha vó Mburika Uru Eu Wau Wau, ela dizia que entres os parentes que também viviam nas matas tinha conflitos com nossa ancestralidade por causa de taboquinha de fazer flecha que chamamos de kamajuva. 

Sempre os homens guerreiro faziam planejamento para buscar taboquinha na mata distantes da aldeia, a vó dizia que certo dia os homens saíram para buscar taboquinha deixando só as mulheres e crianças na aldeia, quando eles retornaram voltaram em forma de humanos mais só espirito que estavam tomando conta do corpo guerreiro que estavam mortos. 

Ela dizia que as crianças que via seus pais vindos da mata mais sua bisavó de toda adolescentes da aldeia. Segundo ela quando contava para nos, chegando próxima aldeia os guerreiros paravam na margem da mata da aldeia, onde a vó de todos desconfiou das atitudes deles, devido eles não vinha feliz cantando como era de costumes do nosso povo, todo ensanguentado pelo conflito com outo parentes que tinham mais flecha do que nosso guerreiro e esse povo nós deduzimos que é Vyrapararakwara por que eles gostavam cortar bastante taboquinha igual nossa ancestralidade naquela época. 

A história dizia e minha vó contando para nós, que a vó de todos pegou as crianças fugiram para mata abandonando aquela aldeia. Assim as crianças cresceram construíram suas famílias depois de se tornaram adultos. 

A vó dizia que os pais dela com demais parentes do nosso povo sempre marcavam seus territórios, conhecendo todos os rios da região do estado de Rondônia. Andavam no rio Machado onde é município de Ji Paraná, Cautario de São Francisco, rio Jamari, Floresta, município de Jaru, rio São Miguel e sempre protegendo a nascente dos rios, até chegaram andar na margem de rio Madeira.

 E é por isso a maior parte dos nascentes dos rios nasce no território nosso T.I. Uru Eu Wau Wau, que abastecem rio Madeira, eu diria que abastece todos os rios das cidades vizinhas dos municípios.

 A história de contato foi devido que estava havendo varias invasões onde meu povo andava, como rio Jamari, rio Floresta, rio Cautario, rio São Miguel, os invasores estavam avançando muito onde meu povo acostumava perambular, ou andar nesse território. E havia vestígio do meu povo nessas regiões que citei, os mais velhos confirmam isso que realmente eles andavam isso tudinho, por que antes não tinha aldeia fixa como hoje temos. Aldeia fixa tem hoje em dia depois de contato com a FUNAI, antes povo Jupaú UruEu Wau Wau fazia suas rocinha pequena, plantava  aqui ali e saia, só voltava depois de seis meses para colher suas plantação e fazia grande maloca para armazenar produção e familiares que retornavam. 

Os mais velhos cita que nós éramos aproximadamente mais mil pessoas e quinhentos famílias, segundo os mais velhos  fomos perdendo nossos líder mais antigos, guerreiro (a) depois de contatos com a FUNAI, que pegaram varias doenças como gripe e diarreia e entre outro outra doenças forte que antigamente não pegavam. 

Hoje somos aproximadamente umas duzentas pessoas, crescendo aos poucos, casamos com outra etnia. Antes de contato o povo Jupaú teve conflito com os invasores que estavam perambulando o território de nosso guerreiro, onde finado  Apoena Meirelles da FUNAI fez expedição para contatar meu povo. A missão da Apoena foi para evitar mais conflito com broncos e para não haver extinção do povo Jupaú Uru Eu Wau Wau. Primeiro contato com a FUNAI foi na aldeia Alta Lídia no centro do nosso território, esse nome da aldeia foi dado pela FUNAI. As línguas que falamos Kawahiva tronco tupi hoje têm seis aldeias e uma com povo da etnia Amondawa na aldeia Trincheira no município de Mirante da Serra. 

O povo Jupau Uru Eu Wau Wau, os mais velhos cotam, que não queriam ter contato pelo branco, sempre enfrentando os perigos que ali afrontava para protege seu território e principalmente familiares. Ainda continuando o contato com a FUNAI, a minha mãe sempre cita que os pais dela sabia que nós ia ser esquecido pela FUNAI, que momento bom de tratar bem nós  ia se acabar um dia. E aconteceu que foi previsto pelos mais velhos que se foram antes mesmo ter idade, o recurso da FUNAI foi se acabando, atendimento e tratamento a saúde como medicação e enfermeira também não havia mais quando o povo Uru Eu Wau Wau que ali estava fixo com aldeia Alta Lídia. 

As seis aldeias são; Alto Jaru pertence do município de Jaru, Aldeia Nova município de Jaru, aldeia linha 623 município de Governador Jorge e Teixeira, Jamari no município de Governador Jorge e Teixeira, aldeia linha 621 do município de  Governador Jorge Teixeira e Alto Jamari do município Governador Jorge Teixeira. 

Os costumes do povo Jupaú Uru Eu Wau Wau na alimentação são; chicha, carne assado, cozido, peixe assado, peixe assado na folha, mingau de castanha, farinha de castanha, mingau de milho verde, carne pilado no pilão e entre outros. Meu povo Uru Eu Wau Wau foi chamado de Uru Eu Wau Wau por que sempre os mais velhos se pintavam de jenipapo, seu corpo do peito, no braço e na boca, onde fomos chamado de Uru Eu Wau Wau. Segundo as pessoas comenta que nós fomos chamados de boca preta pelo não indígena que era FUNAI, a semelhança para eles da nossa pintura de jenipapo na boca como se fosse cachorro da boca preta. 

Sendo isso é nossa identificação de etnia do povo Jupaú bem antes de inventar esse sobre nome nosso que usamos atualmente, diria que foi arrumado pelo não indígena, através dessa pintura no rosto e na boca que meus antepassados guerreiros e foi respeitado, por que os mais velhos não gostava de ser confrontado por ninguém. 

Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.